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Cidades Sexta-feira, 15 de Outubro de 2021, 11:59 - A | A

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DESLIZE ÉTICO

Vídeo: Professoras da UFMT esquecem câmera ligada e são gravadas criticando alunos de Mestrado

Tarley Carvalho

Editor-adjunto

Alunos de Mestrado do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão revoltados com críticas feitas por duas professoras ao final de uma aula ministrada na sexta-feira da semana passada, 8 de outubro. As orientadoras não perceberam que, após o encerramento da aula, a câmera ainda estava ligada e fizeram ponderações sobre os trabalhos feitos pelos alunos e também criticaram a postura de alguns deles, chegando a duvidar de uma aluna que apresentou atestado médico para não apresentar um trabalho. As professoras são Annelita Almeida Oliveira Reiners e Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo, que ministram a disciplina de a Introdução à Pesquisa em Bases de Dados.

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Logo no começo do vídeo, ao criticar uma citação autoral de um dos mestrandos, as professoras comemoram a saída do aluno.

“E aquele Carlos? Cê viu a petulância daquele Carlos? (...)“autonomia do autor, autoria”. Ainda bem que vai estar com a Mara. Ele que se dane pra lá com ela. Vai bater de frente pra lá. Eu não queria um aluno desse nem a pau”, comenta Rosemeiry. Annelita concorda e diz que também não gostaria de ter o aluno, pois teria muita briga.

Em outro momento, a mesma professora afirma que a turma é ruim. Na sequência as docentes combinam de conceder a mesma nota B para todos os mestrandos, com exceção de apenas uma. Elas chegam a afirmar que alguns alunos merecem nota C, mas que, para evitar problemas com orientadores, vão nivelar a avaliação.

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As professoras também zombam do projeto de dissertação de uma das alunas. “Agora, essa coitada, você vê, olha só, a menina vai fazer um projeto de dissertação pra estudar o nosso programa, (risadas)”, comenta Rosemeiry.

Ao final, as professoras também criticam uma aluna que assistiu aula, mesmo tendo apresentado um atestado médico para não apresentar o trabalho.

Em nota, os alunos questionam a ética das duas profissionais e afirmam terem sido constrangidos, desapontados, desmotivados, estarrecidos e humilhados. Eles afirmam que não há credibilidade acadêmica em participar de aulas ministradas pelas duas professoras futuramente.

“Como alunos de uma instituição de ensino que se pretende de excelência e a luz da representação da aprendizagem significativa, nos sentimos humilhados, constrangidos, estarrecidos, desapontados e desmotivados com a forma com que as referidas regentes nos trataram nesse episódio. Não há qualquer credibilidade acadêmica em participar de ações de ensino que serão futuramente ofertadas por estas profissionais de ensino”, expuseram em nota ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem.

OUTRO LADO
A reportagem solicitou à assessoria de imprensa o posicionamento oficial da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), além do contato telefônico do responsável pelo curso e das duas professoras envolvidas. Os contatos solicitados não foram encaminhados e a nota afirma que as instituições não foram informadas sobre o caso.

A Faculdade de Enfermagem (FAEN) e o Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) não foram notificados até o momento.

O espaço segue aberto para manifestação dos envolvidos.

VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA DOS ACADÊMICOS
Ao Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem/FAEn/UFMT

Nós, alunos do Curso de Mestrado Enfermagem, turma 2021, que subscrevem o presente documento, de posse da gravação da aula da disciplina Introdução à Pesquisa em Bases de Dados, realizada em 08/10/2021, via plataforma meet, sob a regência das Professoras Annelita Almeida Oliveira Reiners e Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo, solicitamos deste egrégio colegiado posicionamento diante da vexatória situação, conforme áudios anexos.

A disciplina, de bastante importância para nossa formação, foi pouco útil e nada construtiva, frente a condução das regentes. Ademais, em uma das apresentações finais, ambas regentes, no momento de avaliação, teceram críticas que classificamos como deselegantes, inapropriadas, vexatórias, humilhantes e constrangedoras (vide vídeo gravado da aula).

Ainda, elas tratam com desdém as trajetórias e escolhas de pesquisa dos mestrandos, tratando-nos por apelidos zombeteiros. Cientes e fazendo uso de sua posição hierárquica dentro do espaço e relação de aprendizagem, as regentes atribuem notas por conveniência (“de não gerar problemas com os orientadores”// “vamos dar B para todo mundo e eles que se danem para lá” – fala dita por elas) atestando completa ausência de compromisso, relação ética questionável com os discentes no processo ensino-aprendizagem. Acrescentando ainda, há um claro escárnio das docentes em desmerecer e invalidar o trabalho do aluno, ao tratar com uma colega de turma, por estar no doutorado, sobre “o nível rebaixado dos alunos desta turma”, em claro tom de ofensa e ridicularização aos demais. É no mínimo vexatório que, em um programa de pósgraduação, que tal pilhéria ainda ocorra, sendo o que a relação entre mestrandos e docentes /orientadores deveria ser colaborativa, e de genuína empatia. Há uma clara falha de postura ética destas servidoras que ocupam o cargo de docentes.

Como se não bastasse o acedioso escárnio com a turma, foi mencionado, em tom de deboche, o nome de outra aluna através da fala ("que nome hein?") e, ainda, colocando em dúvida o atestado médico apresentado pela mesma, justificando ausência.

Como alunos de uma instituição de ensino que se pretende de excelência e a luz da representação da aprendizagem significativa, nos sentimos humilhados, constrangidos, estarrecidos, desapontados e desmotivados com a forma com que as referidas regentes nos trataram nesse episódio. Não há qualquer credibilidade acadêmica em participar de ações de ensino que serão futuramente ofertadas por estas profissionais de ensino.

Diante do exposto cobramos deste egrégio colegiado posicionamento e providencias para evitar que esse episódio se repita, assim como, buscamos auxílio para uma retratação das docentes com a turma.

 
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