Dados apreentados pela Prefeitura de Cuiabá na manhã desta quinta-feira, 1º de fevereiro, apontam que o número de óbitos no Hospital São Benedito quase dobrou durante o período de intervenção do Estado na Saúde de Cuiabá. O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) chegou a comparar a situação com as câmaras de gás utilizadas pelos nazistas para o genocídio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
A Prefeitura afirma que o número de óbitos no Hospital São Benedito saltou de 105, em 2022, para 196 durante o período de intervenção. Segundo Emanuel, isso ocorreu porque a unidade de saúde se tornou um "depósito de gente morta", que permaneciam em uma sala "à espera da morte".
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“Essa é uma das informações mais graves que poderia ouvir e que ouvi durante a minha vida pública. Em nove meses, quase dobrou o número de óbitos no São Benedito, se transformou em uma câmara de gás”, declarou Pinheiro, durante coletiva de imprensa para apresentar o relatório sobre o 'pente-fino' realizado sobre o período interventivo.
Segundo o relatório situacional, foi comparado o número de óbitos no período entre 15 de março e 31 de dezembro de 2022, em relação ao período de 15 de março a 31 de dezembro de 2023. Os dados apontam para um aumento de 86%. Para Emanuel, esse aumento não tem justificativa, uma vez que não havia pandemia em 2023 nem qualquer outro evento que pudesse causar tamanha mortalidade.
"Retiraram as especialidades do Hospital São Benedito, sem cirurgia de alta complexidade, e não tivemos pandemia, sem nenhuma justificativa para esse aumento. O transformaram em um hospital de retaguarda, mas sem o suporte adequado às pessoas transferidas das UPAs e Policlínicas. É uma ação criminosa que será levada ao conhecimento das autoridades competentes para apuração”, declarou Emanuel.
À imprensa, Prioter Antonito, gestor assistencial do Hospital São Benedito, fez um relato sobre a situação antes e durante a intervenção. "Lá era um hospital de referência em cirurgia e ortopedia. Eram internados casos graves, que passavam por cirurgias, eram assistidos e iam para o ambulatório. Com a intervenção, houve mudança no perfil do hospital", destacou.
Segundo ele, o São Benedito passou a ser um hospital regulado, mas que servia para atender casos de urgência e emergência vindos das UPAs e Policlínicas da capital.
"Chegaram pacientes em estado muito grave para gente, que vinha como pacientes clínicos. Só descobríamos a gravidade quando chegava lá. Alguns vinham com patologias complicadas, das quais não tínhamos suporte para atender, não tinha estrutura e, por isso, o índice de óbitos aumentou", disse.
Antonito contou que o hospital dispunha de 30 leitos de UTI, dos quais 20 eram para atender pacientes de regulação e os outros 10 casos graves. "Se não tinha vaga nesses 10, o paciente morria na enfermaria. Chegou a morrer de cinco a seis pessoas lá por falta de vaga em UTI. Muitos já possuíam alguma patologia, mas alguns tinham passado mal em casa e precisavam de atendimento imediato, mas não conseguíamos", lamentou.
OUTRO LADO
Após a coletiva de imprensa, o gabinete de intervenção emitiu uma nota afirmando que houve aumento dos atendimentos no São Benedito e que se trata de "conversa fiada do prefeito Emanuel Pinheiro para encobrir o caos que é sua gestão".
Confira a nota na íntegra abaixo:
O Gabinete de Intervenção ainda não tomou conhecimento da fala do prefeito da capital, mas informa que:
Todos os números de atendimentos médicos, ambulatoriais e de UTIs tiveram aumento porque o Hospital São Benedito estava praticamente fechado antes da intervenção assumir a saúde da capital;
Ou seja, só por essa informação já é possível constatar que trata-se de mais uma conversa fiada do prefeito Emanuel Pinheiro que, ao invés de trabalhar e garantir atendimento digno à população, cria cortina de fumaça para encobrir o caos que é sua gestão.