Trabalhadores que atuam nas obras do BRT (Ônibus de Transporte Rápido) em Mato Grosso denunciaram uma série de problemas na execução do projeto, que liga Cuiabá a Várzea Grande. Em reportagem exibida no Jornal do Meio Dia, da TV Vila Real, os trabalhadores relataram falta de materiais básicos, como cimento e concreto, além de atrasos no pagamento de direitos trabalhistas e dívidas relacionadas a alojamento e alimentação.
De acordo com um dos trabalhadores, cuja identidade foi preservada, o atraso nas obras não está relacionado à falta de mão de obra, mas à ausência de materiais essenciais. “Falta material, nós temos mão de obra aqui, mas falta cimento, concreto. Somos de outras regiões do país, deixamos nossa família e eles ficam nesse impasse se manda ou não embora”, desabafou.
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Outro funcionário relatou que a empresa responsável pelas obras estaria em débito com fornecedores, restaurantes e hotéis que abrigam os funcionários.
“Se não tem dinheiro para pagar, manda embora, mas não nos maltrate. Não pagou a concreteira, está devendo restaurante, além de três meses do hotel que a gente mora”, afirmou.
Além da falta de materiais, os trabalhadores também denunciam descumprimento de direitos trabalhistas. Um deles, demitido em dezembro de 2024, relatou que ainda não recebeu a multa rescisória.
“Eu saí dia 11 e minha multa rescisória até hoje não saiu. Toda vez que vou procurar [a empresa], eles falam para ir na semana que vem porque não tem dinheiro em caixa. Mas o Governo falou que já pagou em dia, não sei qual que tá mentindo”, lamentou o trabalhador.
Sob responsabilidade do Consórcio Construtor BRT Cuiabá, formado pelas empresas Nova Engevix Engenharia e Projetos S.A, Heleno & Fonseca Construtécnica S.A, e Cittamobi Desenvolvimento em Tecnologia Ltda., as obras do BRT estão atrasadas, o que tem gerado insatisfação do governador Mauro Mendes (União). Ele já demonstrou publicamente, mais de uma vez, sua frustração com a demora no andamento das obras, especialmente no trecho que passa pela Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA).
Por outro lado, o consórcio alega enfrentar uma série de problemas relacionados à má qualidade dos projetos e até mesmo a questões políticas. O conglomerado destacou que a resistência inicial do ex-prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), teria atrasado o início das obras. O imbróglio político, segundo o consórcio, impactou diretamente o cronograma da obra.
OUTRO LADO
Em nota, o Consórcio BRT informou que tem todas as obrigações trabalhistas têm sido cumpridas e que não há pendências com indenizações ou benefícios. A empresa afirma ainda que tem servido três refeições diariamente aos funcionários e que tem oferecido alojamento adequado aos trabalhadores.
Veja a nota na íntegra:
Em resposta à reportagem exibida na TV Record e replicada em outros veículos de comunicação, o Consórcio BRT Cuiabá informa que as afirmações mencionadas pelas fontes entrevistadas não procedem com a realidade dos fatos.
Os funcionários estão recebendo seus salários, com todos benefícios assegurados. O Consórcio BRT alugou e reativou um hotel para alojar os colaboradores, assim como equipou os dormitórios para garantir conforto e boas acomodações à equipe.
Diariamente, são servidas três refeições completas aos colaboradores - café da manhã, almoço e jantar - e não há registro de qualquer falta neste fornecimento. Ressaltamos ainda que todos os direitos trabalhistas estão sendo rigorosamente cumpridos, sem pendências com indenizações ou benefícios.
Reiteramos que as negociações em andamento com a Sinfra não trouxeram impacto ao bem-estar dos 300 funcionários. Eles seguem desempenhando suas funções, priorizando a conclusão dos trechos que irão garantir melhor trafegabilidade e mobilidade urbana para a população.