Ainda se recuperando da inundação de janeiro que destruiu seus bens, os moradores do bairro São Matheus, em Cuiabá, vivem no medo de reviver o caos. Vivendo à beira do Córrego do Gambá, as vítimas testemunham pessoas de outros bairros voltando a descartar lixo e entulho no local, o que contribui para seu transbordamento, no caso de chuvas fortes, pois o acúmulo de resíduos pode comprometer a drenagem e aumentar o risco de novas enchentes neste período chuvoso. Móveis, lixo e até partes de geladeira já foram vistos sendo levados pela correnteza do córrego.
A reportagem esteve no local e colheu relatos da população, que destacou os serviços de limpeza feitos pela Prefeitura, mas também ressaltou a falta de contribuição de pessoas de outros locais, que continua a prejudicar os moradores locais.
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Em entrevista ao jornal Estadão Mato Grosso, a moradora Doraci Benedita Cândido da Silva lamentou a situação do bairro. Ela afirmou que o problema tem se tornado cada vez mais recorrente e pediu conscientização da população.
“É como eu sempre falo: a gente tem que ter também a conversão de não jogar o lixo dentro do córrego. Jogou o copo descartável na boca de lobo, vai parar no rio. A pessoa tem que ter consciência, né?! Mas o poder público também tem que dar de volta pra gente o imposto que a gente paga. Se o dinheiro da gente é bem empregado, o retorno vem para a gente”, explicou.
Doraci tem esperança de que o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), fará um bom trabalho e utilizará os recursos de forma eficiente para melhorar a cidade. Ela reconhece que a política envolve muitos debates e opiniões divergentes, mas acredita que o prefeito precisa tanto do apoio da população quanto da arrecadação de impostos para conseguir reverter o cenário de abandono e recuperar a estrutura da cidade.
“Primeiramente é confiar em Deus, que a gente vai vencer mais essa, e aguardar os recursos públicos para melhoria do bairro”, declarou.
Preocupada com as consequências do descarte irregular de lixo no córrego do Gambá, Maria Aristides Alves, de 67 anos, que mora em frente ao local, também criticou a falta de conscientização da população. Ela alertou que o acúmulo de entulho não só aumenta o risco de novos transbordamentos, mas também atrai insetos e mosquitos, agravando a proliferação de doenças sazonais, como dengue, chikungunya e zika, que estão em alta no bairro, principalmente depois das enchentes. Além disso, destacou que a vegetação alta nas margens do córrego contribui para o problema, tornando a situação ainda mais preocupante.
Diante disso, ela espera que haja tanto fiscalização e medidas mais efetivas, quanto maior envolvimento da comunidade para evitar novos transtornos.
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