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Cidades Segunda-feira, 18 de Setembro de 2023, 11:20 - A | A

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NO PANTANAL DE MT

Estudo analisa as potencialidades empreendedoras em São Pedro de Joselândia

Ação visa o desenvolvimento da comunidade, a partir de uma perspectiva colaboracionista

Aparecido Carmo | Assessoria de Imprensa

Está em fase de finalização o diagnóstico da cadeia produtiva local de São Pedro de Joselândia, uma comunidade rural em Barão de Melgaço (112 km de Cuiabá), no Pantanal mato-grossense. A ação conta com o apoio da Associação Rural de São Pedro de Joselândia (ARSAPEJO), da Assembleia Social, e patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), através do edital Redes de Pontos de Cultura de Mato Grosso. O objetivo é identificar as possibilidades de extensão e ampliação de emprego e renda na região, focando no turismo de base comunitária e no aproveitamento dos recursos naturais e do patrimônio cultural.

“A proposta é desenvolver um estudo aprofundado na cadeia produtiva local no que concerne à economia criativa rural. Então, a gente está levantando os potenciais produtivos dos empreendedores locais, que já existem na região, e mapeando as potencialidades de desenvolvimento de projetos futuros. Tanto no âmbito da economia criativa, quanto no âmbito do turismo, turismo de base comunitária, turismo de natureza”, explica a antropóloga Poliana Queiroz, que integra a diretoria do instituto InRede, responsável pelo projeto.

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Conforme Poliana, são poucas as instituições e empresas que desenvolvem esse tipo de diagnóstico no Estado, o que cria uma demanda de dados e informações que não são supridas, consequentemente leva ao desenvolvimento de projetos pouco assertivos. A ideia do InRede é ao mesmo tempo suprir aquela comunidade com um diagnóstico que permita desenhar estratégias para o futuro e estabelecer uma metodologia de gestão de projetos que possa ser replicada em outras localidades.

A escolha por São Pedro de Joselândia se deu por conta das relações do InRede com a região do Pantanal, além das experiências pessoais dos envolvidos nas iniciativas. A cultura local tem um viés tradicional e típico das comunidades da Baixada Cuiabana. Tem destaque a festa de São Pedro de Joselândia, que movimenta toda a região do Vale do Rio Cuiabá, e é composta por manifestações como o siriri, cururu e a reza cantada.

Além disso, ao contrário do que alguns olhares externos poderiam imaginar, a cultura da região propicia que as mulheres tenham sua própria autonomia e independência financeira. “Nós temos percebido que as mulheres são aquelas que produzem, que fazem a ordenha do leite, fazem o queijo, vendem o doce, geram a sua própria renda, enquanto os homens são aqueles que estão no Pantanal, estão fazendo o trabalho com gado, estão pensando aí uma outra perspectiva”, explica a pesquisadora.

Outro ponto de destaque é que os jovens que vivem em São Pedro de Joselândia não pensam em deixar o local e veem com entusiasmo o estudo que está sendo realizado. “Eles estão sedentos dos resultados do diagnóstico para trazer melhorias para a comunidade. Os jovens entendem que a comunidade tem as suas vulnerabilidades, mas eles estão dispostos a contribuir com o seu desenvolvimento”, pontua.

As etapas

O diagnóstico é dividido em três etapas. Na primeira fase houve a coleta de dados realizada de forma colaborativa e com o apoio de estudantes da Escola Rural de São Pedro de Joselândia. Selecionados por edital, esses estudantes tiveram 15 dias para fazer esse levantamento junto aos empreendedores da região.

Na sequência, durante uma semana, foram realizadas entrevistas semiestruturadas a partir dos dados que se revelaram mais comuns naquela realidade. “A gente vai até a casa das pessoas ver a realidade delas. O conceito que a gente usa de pesquisa é a observação participante, observar como é que a pessoa trabalha, quais as dificuldades que ela tem. Observar o cotidiano, ouvir as pessoas, vivenciar a experiência”, explica Poliana.

Na terceira fase e última fase, que é onde o projeto se encontra nesse momento, os dados são processados para revelar a situação da região. Com base nos achados será produzido um relatório que vai apontar as possibilidades a serem trabalhadas pelos habitantes de São Pedro de Joselândia a curto, médio e longo prazo.

“Depois que a gente fechar essa parte escrita, a gente vai devolver para a população. A gente vai se reunir novamente com os estudantes que participaram com a gente, com os moradores que foram entrevistados, com a associação, com a liderança e apresentar esse material para eles. Porque um dos nossos objetivos é que esse diagnóstico seja utilizado por eles e não pela gente”, conclui Poliana, destacando a autonomia da população.

Os resultados do diagnóstico devem ser divulgados até o fim deste ano. Até lá, pesquisadores e comunidade vivem a expectativa de projetos mais efetivos para a realidade da comunidade.

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