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Cidades Quinta-feira, 03 de Março de 2022, 12:00 - A | A

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NOVELA SEM FIM

Entidades vêem piora no trânsito com o BRT e recomendam retomada do VLT em Cuiabá

Grupo afirma que governo subestimou o valor do investimento com o modal e que tarifa será maior que a prevista

Rafael Machado

Repórter | Estadão Mato Grosso

O Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE) publicou nesta semana uma carta manifesto, assinada também por outras quatro entidades do setor de infraestrutura, em que apresenta motivos para que as obras do BRT (Ônibus de Trânsito Rápido) sejam canceladas pelo Governo de Mato Grosso.

Estudo realizado pelo grupo aponta uma série de inconsistências no edital n° 047/2021, para contratação de empresa que implantará o BRT. Na conclusão do trabalho, eles defendem a retomada imediata das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que foram descartadas pelo governo.

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Na carta, as entidades apontam que, ao invés de melhorar a mobilidade urbana da capital, o BRT aumentará significativamente o trânsito, piorando a situação atual. Eles explicam que o BRT irá isolar uma faixa das avenidas para uso exclusivo dos ônibus, como já acontece hoje.

“Desta forma, pelo afunilamento de seu uso, fica evidente que o trânsito aumentará nestas vias e nas vias adjacentes. Em termos comparativos, o VLT ao contrário de retirar faixas de rodagem de vias existentes acrescentará trilhos no canteiro central, aumentando as faixas de fluxo dos veículos”, diz trecho da publicação.

O grupo ainda critica o projeto do governo alegando que o modal proposto não é um BRT, mas sim uma “faixa exclusiva para o transporte público”. Eles destacam que o BRT necessita de uma via exclusiva em todo o seu percurso, o que não viram no edital do governo que “apresenta que a faixa do 'BRT' poderá ser utilizada por outros veículos de transporte público e emergências”.

VALOR E TARIFA

As entidades também apontaram inconsistências no valor anunciado pelo governo para as obras e a tarifa do BRT. Eles concluíram que para conclusão do projeto, o valor gasto seria quase o dobro do que havia sido previsto pelo governo, R$ 480 milhões, para manter a operação do modal durante os próximos 30 anos.

“Somando-se aos R$ 480 milhões das infraestruturas (presente edital) outros R$ 190 milhões para aquisição dos ônibus (valor aproximado) e outros R$ 150 milhões para as 2 trocas de baterias (anos 10 e 20) necessárias nos 30 anos (para se comparar com o VLT), o Projeto “BRT” alcançaria o valor total de R$ 820 milhões”, destacaram.

Em relação à tarifa, o grupo ressalta que, pelo valor do investimento, o usuário pagaria em torno de R$ 5,70.

“Dado que o investimento total do Projeto 'BRT' é de R$ 820 milhões e não de R$ 430 milhões, a tarifa provável do 'BRT' seria em torno de R$ 5,70 e não de R$ 3,04, anunciada pelo governo em dezembro de 2020”, destacaram.

O grupo ainda compara os valores em relação à conclusão do VLT. Eles avaliam que seriam necessários R$ 763 milhões para o término das obras do VLT, valor abaixo do que estimado pelo mesmo grupo para o BRT. Já em relação à tarifa, o grupo estima que ficará em R$ 4,40.

PRAZOS
No entendimento das entidades, não há condições de a implantação do BRT ser concluída em 24 meses, como prevê o Executivo. Segundo eles, as obras de implantação do modal precisariam de 50 meses para serem concluídas.

“Afirmou o governo em dez/2020 que o BRT ficaria pronto em 24 meses. Apenas neste Edital de infraestruturas o prazo é de 24 meses, sem considerar os prazos em conseguir o Projeto Básico do “BRT” e a Licença Prévia Ambiental, o que demandaria ao menos outros 12 meses que somados aos 14 meses já decorridos desde o fatídico anúncio de troca de modal”, apontaram.

As entidades também contestaram o prazo que o governo apresentou para concluir o VLT. Segundo eles, a conclusão levaria 30 meses.

“O “BRT” poderia eventualmente entrar em operação em meados 2025, enquanto o VLT, se retomado imediatamente, entraria em princípios de 2023 no primeiro trecho e em operação total em meados de 2024”, destacaram.

A carta de manifesto está disponível no site da SIMEFRE. Veja a íntegra aqui.

Também assinam o documento a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP), a Associação Latinoamericana de Estradas de Ferro (ALAF) e o Instituto de Engenharia.

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