Nos últimos dias, foram registrados dois deslizamentos de terra na região do Portão do Inferno, na MT-251, em Chapada dos Guimarães. Esses eventos têm deixado a população preocupada com os riscos ao trafegar pela rodovia. Na última quarta-feira, 13 de dezembro, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) determinou a suspensão do tráfego de veículos pesados, visando evitar maiores impactos nos paredões e prevenir deslizamentos.
Entretanto, conforme alerta o doutor em Engenharia de Transportes e professor de Engenharia Ferroviária na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Miguel Miranda, mesmo que o tráfego seja liberado apenas para automóveis de passeio, qualquer tremor pode desencadear deslizamentos.
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"Mesmo que seja liberado apenas para carros de passeio, qualquer tremor da crosta terrestre naquela região continuará derrubando pequenos blocos de pedra soltos e depositando areia na pista. Mesmo que se estabeleça uma barreira rígida para veículos que não sejam automóveis, é necessário realizar algum tipo de contenção para remover todos os blocos soltos na área, e não se trata de uma quantidade insignificante", alerta o especialista.
Em entrevista ao Estadão Mato Grosso, Miranda explicou que a rocha presente nos paredões, composta por areia, naturalmente degrada com o tempo, e a tendência é que os deslizamentos se intensifiquem com o passar dos dias.
"Durante fortes chuvas e ventos, uma medida preventiva como o fechamento total do trânsito deveria ser adotada, pois os ventos que passam pela escarpa são capazes de desequilibrar os blocos de rochas soltos lá em cima, especialmente na região do Portão do Inferno", alerta.
A facilidade com que as rochas podem ser movidas por tremores e ventos se justifica pelo material das serras, compostas por areia. Miranda destaca que os deslizamentos desse tipo de rocha são naturais e inevitáveis. As serras de arenito devem se transformar em colinas, assim como ocorre em toda a Baixada Cuiabana.
Soluções urgentes
Como solução para evitar possíveis acidentes no trecho da MT-251, que liga Cuiabá à Chapada dos Guimarães, o professor sugere que a construção da MT-030 é a melhor alternativa dentre as análises realizadas. Se iniciada o mais rápido possível, a construção da nova rodovia deve ser concluída em até três anos.
"A MT-030 tem cerca de 45 a 48 km, conectando a região da Avenida dos Trabalhadores até o 'pé da serra'. São 40 km de terreno plano, semelhante ao existente na Baixada Cuiabana, um terreno fácil de ser trabalhado, com apenas um rio no caminho, material abundante e uma faixa de domínio grandemente desocupada [...]. Após passar pela Ponte de Ferro, o terreno está disponível e sem benfeitorias", explica Miranda.
Além do professor, o deputado estadual Nininho (PSD) também defende a MT-030, independentemente do custo da obra. O deputado destaca que uma empresa foi contratada para realizar o projeto em 2014, mas por falta de recursos, o projeto não avançou.
"Eu não vejo motivo para que isso não aconteça. Vou me reunir com o governador [Mauro Mendes] para tratar disso, e se o Governo não se dispuser a elaborar o projeto para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso, nós o faremos. Com o projeto em mãos, buscaremos viabilizar os recursos. Esta é uma obra que beneficiará mais de 1 milhão e 500 mil habitantes da Baixada Cuiabana", afirma Nininho.
Com a construção da MT-030, o trajeto entre Cuiabá e Campo Verde deve ser reduzido em até 30 km, possibilitando a redução de 22% a 23% nas passagens dos ônibus intermunicipais, conforme indicado por uma pesquisa na qual Miranda atuou como orientador.
