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Cidades Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021, 07:30 - A | A

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ARROCHO

Com inflação disparada, salário minímo já vale menos de mil reais

Novas altas no preço dos combustíveis, gás e energia corroem o poder de compra do trabalhador

Priscilla Silva

Repórter | Estadão Mato Grosso

A renda dos brasileiros já encolheu mais de 9% em 2021, percentual que está bem acima do intervalo de tolerância (5,25%) previsto pelo Banco Central. Para o mês de novembro, a previsão é que a variação de preços dos produtos e serviços mais consumidos pela população venha com novo aumento, de 1,17%.

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A previsão é feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que avaliou o comportamento dos preços entre o dia 16 outubro ao dia 15 de novembro.

Com a previsão de alta de 1,17% na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de novembro, o poder de compras das famílias deverá cair em 9,57%, no acumulado do ano. Em números, isso significa que uma família que sobrevive com apenas um salário mínimo (R$ 1,1 mil) terá uma redução de quase R$ 105 em sua renda.

Apesar de o IPCA-15 trazer apenas uma previsão de inflação para grupos com renda de um a 40 salários mínimos, os itens inflacionados do mês de novembro têm peso maior sobre a população mais vulnerável, que ganha até cinco salários mínimos. Para este grupo, o gasto com gás, energia e transporte restringe o acesso a outros itens, também essenciais.

Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em novembro. Porém, desta vez, os principais culpados pelo empobrecimento da população pertencem aos grupos de Transportes, Habitação e Saúde. Os três, juntos, contribuíram com 0,88 pontos percentuais (p.p.) no IPCA-15, o equivalente a cerca de 75% do índice.

No grupo Transportes, o gasto com a gasolina se destacou mais uma vez, com a alta de 6,62%. O combustível teve o maior peso na previsão de novembro (0,40 p.p.). Quando observados os números acumulados no ano, a alta da gasolina chega a 44,83%. Também houve alta nos preços do óleo diesel (8,23%), do etanol (7,08%) e do gás veicular (2,59%). O encarecimento desses produtos pode restringir a locomoção da população, além de pressionar novas altas na produção de alimentos.

O botijão de gás foi o maior vilão da cesta de produtos avaliados pelo IBGE. A inflação deste item ficou em 4,34% em novembro. O gás sofre reajustes consecutivos há mais de um ano. Desde junho de 2020, já são 18 meses de aumentos, que acumulam alta de 51,05%. O vasilhame de 13 quilos (kg) é vendido acima dos cem reais na maioria dos estados brasileiros.

Atrás do gás de cozinha, o gasto com energia elétrica segue consumindo boa parte da renda das famílias. A vigência da bandeira tarifária Escassez Hídrica desde setembro segue acrescentando R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.

O conjunto dos itens mais caros da cesta de novembro fecha com a influência das altas dos produtos de higiene pessoal (1,65%) e farmacêuticos (1,13%). Para fechar o índice geral, os demais grupos que contribuíram para o aumento da inflação foram o de Vestuário (1,59%), e Alimentação e Bebidas (0,40%).

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ALÍVIO NO MERCADO - A desaceleração do grupo Alimentação e Bebidas (que saiu de 1,38% em outubro para 0,40% em novembro) deve-se às altas menos intensas e quedas nos preços de em alguns itens, como as carnes (-1,15%), o leite longa vida (-3,97%) e as frutas (-1,92%).

Altas foram percebidas no preço do tomate (14,02%), do frango em pedaços (3,07%) e do queijo (2,88%), mas em nível menos intenso que no mês anterior. Já os preços da batata-inglesa (14,13%) subiram mais que o observado em outubro (8,57%) e a cebola teve variação positiva (7%) após a queda de 2,72% no mês anterior.

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