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Brasil Domingo, 08 de Setembro de 2024, 17:40 - A | A

Domingo, 08 de Setembro de 2024, 17h:40 - A | A

SECA HISTÓRICA

Pantanal é o bioma que mais perdeu água em 2023 devido a seca prolongada

g1

O Brasil enfrenta a seca mais duradoura, intensa e de maior proporção da sua história recente. Pela primeira vez, a seca afeta o país de forma generalizada, por toda a sua extensão. No entanto, o sofrimento não é uniforme.

No Norte, os rios estão secando e as cidades estão isoladas. No Centro-Oeste, o problema é o fogo que se alastra sobre a vegetação seca, colocando em risco o Pantanal. Incêndios também tomam o interior de SP, e a fumaça se espalha pelo Sudeste.

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Os especialistas explicam que a intensidade da seca e os impactos têm a ver com fenômenos da natureza, como o El Niño, e com a ação humana, como as mudanças climáticas, o desmatamento e o uso ilegal do fogo, que estão queimando os biomas pelo país.

A pesquisadora Regina Rodrigues, que coordena o grupo que estuda o Atlântico e suas ondas de calor na Organização Meteorológica Mundial (OMM), explica que o El Niño e as mudanças climáticas, que fizeram aquecer os oceanos, “bagunçaram” o clima.

Para se ter uma noção, foi essa “bagunça” que fez com que a seca que atinge o país seja menos intensa no Nordeste, onde, geralmente, é mais seco.

"O El Nino causa isso que chama de bloqueios atmosféricos, que impedem a formação de chuvas e nuvens. O que acontece é que as mudanças climáticas tornaram tudo muito mais intenso, muito mais quente. Sem nuvem para proteger da passagem do calor e com a temperatura mais alta, essa condição foi piorando e chegamos a essa seca imensa", — Regina Rodrigues, especialista em fenômenos dos oceanos.

E é, de novo, a mão do homem que faz com que o país esteja em chamas, com regiões cobertas por fumaça. A coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, explica que, com a seca intensa, a vegetação se torna combustível, mas para queimar, precisa de fogo. Intencional ou não, sem autorização, é criminoso. 

Norte: comunidades isoladas, rios secos e Zona Franca sob ameaça.
Centro-Oeste: vulnerável ao fogo, Pantanal em risco e temperaturas recordes.
Sudeste: região é a segunda mais impactada com a seca e tem cidades em alerta por incêndios
Nordeste: oceanos aquecidos minimizam impactos, mas mais da metade da região está sob classificação de seca.
Sul: Após catástrofe que alagou o Rio Grande do Sul, cenário começa a desenhar seca e especialistas alertam para futura estiagem.

Centro-Oeste: vulnerável ao fogo, Pantanal em risco e temperaturas recordes

No Centro-Oeste, nenhuma das cidades dos três estados que compõem a região e o Distrito Federal se salvam da situação de seca. Segundo os dados do Cemaden, todas estão em estiagem em algum nível.

Na região, a maior preocupação são os incêndios no Pantanal. Neste ano, o bioma bateu o recorde de queimadas, que começaram antes da época de fogo, ainda em junho, e se estendem até agora. As chamas criaram um rastro de destruição, com animais mortos pelo caminho e a população sufocada pela fumaça.

Uma baía inundável próximo ao rio Paraguai, principal bacia do Pantanal, se transformou em um imenso lamaçal, em que centenas de peixes morreram agonizando. 

A seca e o fogo têm devastado o Pantanal, trazendo o risco de danos permanentes que ameaçam sua própria existência. Nesta semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chegou a fazer um alerta dizendo que o país pode perder o bioma até o fim do século.

O Pantanal é a maior planície inundável do mundo, mas está vendo sua água secar de forma acelerada. De acordo com um estudo do Mapbiomas o Pantanal foi o bioma que mais perdeu água. A análise revelou que, em 2023, a superfície coberta por água durante pelo menos seis meses foi de apenas 382 mil hectares, uma redução de 61% em relação à média histórica.

"O bioma está perdendo água de forma muito acelerada e a forma como isso está acontecendo é impressionante. O Pantanal é alvo de fogo e, antes que consiga se recuperar, é queimado de novo. É preciso impedir que isso aconteça" — Suely Araújo, do Observatório do Clima.

Em Goiás, a temperatura vem batendo recorde, com máximas chegando perto dos 40°C. A qualidade do ar em pelo menos 28 cidades nesta semana esteve como a do deserto do Saara.

Além disso, o estado está entre os que têm mais cidades sem chuvas por mais de três meses seguidos. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), são 14 cidades sem ver uma gota d’água cair do céu por um período mais longo que 100 dias.
 

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