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Brasil Terça-feira, 19 de Dezembro de 2023, 15:18 - A | A

Terça-feira, 19 de Dezembro de 2023, 15h:18 - A | A

OPERAÇÃO DINASTIA

Milícia de Zinho cobra taxas de obras da prefeitura com direito a "embargos"

g1

Na denúncia da Operação Dinastia 2, deflagrada nesta terça-feira (19) junto com a Polícia Federal (PF), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirma que a milícia de Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, passou a explorar sistematicamente o setor da construção civil, com taxas para todo tipo de obra.

Cinco pessoas foram presas, de um total de 12 mandados de prisão. Zinho era um dos procurados.

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Os promotores destacam que grandes empreiteiras foram obrigadas a pagar todo mês aos paramilitares para cada empreendimento que subiam e até por obras da Prefeitura do Rio, como mostram planilhas a que o g1 teve acesso.

Nas tabelas, há parcelas de R$ 13 mil. Um subtotal mostra R$ 168 mil em um mês só com essas taxas.

“A organização da ‘empresa criminosa’ é revelada através das diversas planilhas de controles de pagamento das ‘taxas’ com nomes de devedores, datas e valores, sendo estarrecedor o fato de que nem mesmo as ‘Obras da Prefeitura’ escapavam das cobranças. O absurdo foi revelado: o Estado Formal é apontado como devedor do Estado Paralelo”, escreveu o MPRJ.

Além dos 5 presos, foram apreendidas 4 armas de fogo — 1 fuzil e 3 pistolas —, 1 réplica de arma, R$ 3 mil em espécie, celulares, mídias, computadores e documentos.

O que diz a prefeitura

Em nota, a Prefeitura do Rio disse ter ciência “dessas intimidações feitas tanto pelo tráfico quanto pela milícia” e que “sempre orienta as empresas para que denunciem”.

“Em agosto deste ano, por exemplo, funcionários da empresa Lytorânea que trabalhavam nas obras do Bairro Maravilha Sandá, em Bangu, foram agredidos por criminosos, e o registro foi feito na delegacia. O município também já tomou outras providências, como a retirada do valor investido das placas de obras”, emendou.

Taxas pulverizadas

Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), do material apreendido na 1ª fase da Operação Dinastia, em agosto do ano passado, foi possível detalhar como a milícia cobrava de empresários da construção civil, sob o risco de paralisar o canteiro.

O Gaeco cita na denúncia a “arrecadação de valores altíssimos” e que uma “empresa” foi montada para realizar “controles de pagamento, dissimulação das cifras criminosas e até ‘embargo de obras’ em caso de inadimplemento”.

O MPRJ explicou que as cobranças incidiam sobre qualquer parte da obra, como topografia, edificação de muros, transporte de concreto e serviços de pintura. “É comum que construtoras de grande porte terceirizem cada serviço de grandes empreendimentos”, escreveram os promotores.

Já em prédios prontos, empreiteiros tinham de pagar a “taxa de portaria”.

“A prática acaba fazendo com que os milicianos pulverizem suas fontes de arrecadação, maximizando a cobrança das taxas e aumentando o número de vítimas extorquidas”, destacou o órgão.

Zinho foragido

Zinho já era alvo da 1ª fase da Operação Dinastia, e até a última atualização desta reportagem continuava foragido.
Os 5 presos nesta terça são:

Alessandro Calderaro, o Noque: responsável pelas extorsões;
Delson Xavier de Oliveira, o Delsinho: apontado como braço armado;
Jaaziel de Paula Ferreira, o Papel: braço armado;
Renato de Paula da Silva, o RP: cuidava das extorsões;
William Pereira de Souza, o Bolinho: também fazia extorsões.

Segundo a PF, o foco nesta 2ª fase é desmantelar o núcleo financeiro do grupo paramilitar. Os mandados desta terça foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa do RJ.

O Grupo de Investigações Sensíveis (Gise/PF), a Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/PF) e o Gaeco afirmam terem identificado “toda a estrutura de imposição de taxas ilegais a grandes empresas e a pequenos comerciantes locais” e as contas correntes onde eram depositadas.

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