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Brasil Terça-feira, 11 de Julho de 2023, 13:28 - A | A

Terça-feira, 11 de Julho de 2023, 13h:28 - A | A

LUTO NO PALMEIRAS

Corpo de torcedora é enterrado com o cortejo de bateria da Mancha Verde

g1

O corpo da palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, foi enterrado no início da tarde desta terça-feira (11) em Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo.

O cortejo foi marcado por forte emoção de amigos. A bateria da Mancha Verde, torcida organizada do Palmeiras da qual Gabriela fazia parte, também prestou homenagem.

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"Tchau, bebê. Te amamos", disse a avó de Gabriela.

Ao todo, cerca de 200 pessoas participaram da cerimônia. Os torcedores cantavam: "O dia que eu morrer, quero o meu caixão pintado de verde e branco, como meu coração."

Gabriela morreu após ter sido atingida por uma garrafa de vidro durante uma confusão entre torcedores do clube paulista e do Flamengo, no sábado (8), na Zona Oeste de São Paulo. Ela sofreu duas paradas cardíacas.

Despedida

Durante o velório, a avó de Gabi, dona Joana Anelli, de 68 anos, contou com carinho quando a palmeirense ligava para ela e pedia para fazer bolinho de chuva. As duas moravam distantes duas quadras uma da outra.

"Ela perguntava: 'vó, até quando você vai me chamar de bebezinha?'. E eu dizia que ela seria minha bebezinha pra sempre", relembra.

O relato da avó Joana aconteceu depois de uma oração, por volta de 8h45. Um religioso leu versículos bíblicos e agradeceu a Deus pela passagem de Gabi na terra. Ao fim, todos aplaudiram em homenagem. Alguns grupos de torcedores enviaram coroas de flores.

Em entrevista à imprensa durante o velório, o pai de Gabriela disse que seguirá frequentando estádios, conforme o desejo e legado da filha.

"Vou continuar a fazer o que fazíamos juntos. Cada canto que eu pisar, ali na Palestra Itália, eu vou lembrar da minha filha. A gente chegava junto, ia embora junto, estava sempre junto. Vou continuar o que ela queria, o legado dela. Já não tenho tanta força assim, mas vou fazer o que ela continuava fazendo. Participava de ações sociais, tudo isso, vou continuar".

Já a mãe da jovem cobrou medidas de segurança nos estádios.

"Os clubes têm que tomar mais providências referente à segurança. Principalmente a segurança, que acho que foi bem falha. Porque não pode entrar com garrafa. Isso tem que parar. Tem que ter mais amor ao próximo. O Palmeiras não vai amar o Corinthians, vai amar o próximo, porque é vida. Nós não estamos falando de time aqui. Estamos falando de vidas. Palmeiras é vida, Corinthians, Santos tem vida. Todo time tem vida."

Familiares da jovem contaram ao g1 que profissionais de saúde que estavam em uma ambulância do estádio ajudaram a socorrê-la. Depois, Gabriela foi levada à Santa Casa, no Centro da capital paulista, onde faleceu na manhã desta segunda.

A briga ocorreu na rua Padre Antônio Tomaz. A rua concentra bares de palmeirenses que se reúnem para assistir os jogos na arena.

'A vida dela era essa. Palmeiras e a torcida', diz pai

Gabriela era frequentadora assídua do Allianz Parque e costumava ir ao local com os pais. Segundo seu pai Ettore Amarchiano Neto, o Palmeiras era a vida dela.

"A diversão dela era praticamente essa. Aos finais de semana, as viagens que ela fazia. Foi a forma que ela se encontrou. Tem meninas da idade dela que gostam de ir em baile funk, de gostam de ir para sertanejo, ela gostava do Palmeiras. A vida dela era essa. Palmeiras, e a torcida. Era isso", disse.

Segundo a mãe, Gabriela já tinha passado por cirurgias e superado diversos problemas de saúde ao longo da vida. "Não foi o problema de saúde que ela tinha que matou ela, foi uma garrafa que cortou a jugular dela", disse Dilcilene Prado Anelle dos Santos.

Os dois também estavam no estádio e só souberam do ocorrido quando a filha estava na Santa Casa.

"Nós participamos do jogo também, estávamos aguardando por ela porque a gente ficou junto com a Mancha, só que ela não chegou a entrar no estádio. Eu fiquei sabendo quando acabou o jogo, porque não tinha sinal de celular lá dentro, uma ligação. Nisso, ela já tinha sido operada, já estava descendo pra UTI."

Suspeito indiciado e preso preventivamente

A Polícia Civil de São Paulo prendeu e indiciou por homicídio doloso consumado Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos, suspeito de ter lançado a garrafa que matou Gabriela.

O delegado do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), César Saad, disse nesta segunda-feira (10) que a Justiça decretou a prisão preventiva do torcedor do Flamengo.

Segundo Saad, o agressor assumiu o risco de matar e, por isso, responderá por homicídio doloso. Ele é do Rio de Janeiro, estava na capital para acompanhar a partida e não tinha passagem pela polícia.

"Ele arremessou uma garrafa, ele sabia que podia atingir o resultado morte e foi o que aconteceu".

O delegado também afirmou que a polícia tenta localizar outros envolvidos na confusão e busca por imagens que tenham registrado o exato momento em que a garrafa é atirada.

"Temos diversas imagens de celular, estamos utilizando sistema de reconhecimento facial para que outros integrantes de torcidas e de outras pessoas que estavam na briga sejam identificadas."

Em depoimento à Polícia Civil, Santiago negou ter jogado uma garrafa em direção aos palmeirenses. Segundo ele, o que lançou na direção dos outros torcedores foram pedras de gelo, conforme documento obtido pelo g1.

"O interrogado informa que em suas mãos tinha algumas pedras de gelo, as quais chegou a usar para revide, mas essas eram muito pequenas e sequer atingiram a barreira", diz documento da Polícia Civil.

Cirurgia e paradas cardíacas

Felipe Marchiano, irmão de Gabriela, afirmou que a jovem foi operada na noite do próprio sábado e que teve duas paradas cardíacas durante o procedimento, além de problemas respiratórios.

"O ferimento dela foi na região do pescoço, onde atingiu uma artéria. Ela foi operada e teve duas paradas cardíacas e um problema pulmonar", contou Marchiano.

Felipe viajou do Paraná para São Paulo, no domingo, para acompanhar Gabriela no hospital. "Só desejo que justiça seja feita. Um ser humano com pouco de miolo na cabeça não faria uma coisa dessa. Não só minha irmã, poderia acertar criança, uma mulher grávida, etc", lamenta.

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