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Agronegócio Quinta-feira, 24 de Outubro de 2024, 21:00 - A | A

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ALERTA NO CAMPO

"Safras de soja e de milho já estão comprometidas", alerta presidente da Aprosoja-MT

Com apenas 25% da área de soja plantada em Mato Grosso, presidente da Aprosoja aponta para os riscos na segunda safra de milho

Da Redação

Redação | Estadão Mato Grosso

O atraso na semeadura da safra de soja 2024/25 em Mato Grosso pode impactar significativamente a produção de milho do próximo ano, alerta Lucas Costa Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Lucas aponta que o plantio do milho poderá ocorrer fora da "janela de segurança", expondo grande parte da produção a riscos climáticos e comprometendo a produtividade.

De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apenas 25,08% dos 12,66 milhões de hectares previstos para o plantio de soja haviam sido semeados até a última sexta-feira, 18 de outubro. Houve avanço no plantio durante a última semana, favorecido por uma melhor distribuição de chuvas em várias regiões do estado, mas o trabalho de semeadura da safra 2024/25 está atrasado em 34,92 pontos percentuais em comparação com a safra anterior, apresentando o pior resultado dos últimos três anos.

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“No ano passado, nós tínhamos 60% de área plantada de soja, esse ano, no mesmo período, só temos 25% de área semeada, isso impacta diretamente na segunda safra do milho, ou seja, o milho vai ser semeado fora da janela de segurança, dentro da janela de risco, e parte da safrinha será semeada fora da janela”, ressaltou o presidente da Aprosoja.

Além do atraso no plantio, a estiagem prolongada em todo o país continua a preocupar os agricultores. A situação compromete tanto a safra de soja quanto a de milho, ampliando o risco de que a produtividade fique abaixo do esperado.

“Segundo fonte do Agritempo e da Rural Business, em um relatório de pluviosidade do Brasil, mostrava uma média entre 30 a 90mm de chuva, ou seja, grande parte do território está com pouca reserva de umidade no solo. A safra de soja no Brasil e a safra de milho já estão comprometidas”, avalia Lucas.

A região Norte de Mato Grosso apresentou, até agora, o maior percentual de áreas semeadas, com 35,97%. Já a região Nordeste registra o menor índice, com 10,71%. Para a próxima semana, as previsões indicam um aumento no volume de chuvas, variando entre 35 e 45 mm na maior parte do estado, o que pode ajudar a acelerar a semeadura. No entanto, o atraso no plantio já coloca em risco o calendário da safra de milho, que poderá enfrentar condições desfavoráveis no futuro.

DESAFIOS ALÉM DO CLIMA

Outro desafio enfrentado pelos produtores são os altos custos dos insumos, especialmente dos fertilizantes nitrogenados. A relação de troca desfavorável com o milho, agravada pela guerra no Oriente Médio, tem levado os agricultores a adiarem a compra de fertilizantes. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, as importações de fertilizantes em Mato Grosso caíram 4,8% entre janeiro e setembro de 2024.

"A guerra tem prejudicado o fornecimento de nitrogênio, já que países como Irã e Israel são grandes exportadores, e o Brasil depende dessa importação para a produção de milho", destacou Lucas.

Além dos desafios climáticos e financeiros, há uma preocupação crescente com o impacto dessa situação no mercado de milho. A demanda pelo grão, tanto no mercado interno quanto externo, continua a crescer. Mesmo que o próximo ano apresente uma safra normal, o mercado pode enfrentar dificuldades.

“Há um cenário positivo para o mercado de milho. Porém, se tivermos uma quebra de safra de milho, o problema se agrava e o Brasil poderá importar mais milho para atender o mercado, porque a demanda tem aumentado interna e externamente por milho no mundo inteiro”, avaliou.

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